O turismo mediterrânico e o aquecimento global
Com o aumento das temperaturas de 3 a 5 graus, a diminuição da precipitação de 10 a 60% e a subida do nível do mar de 35 centímetros a um metro, é provável que quilómetros de praias mediterrânicas desapareçam antes do final do século. Os turistas continuarão a procurar estes destinos turísticos?
As recentes ondas de calor levaram, de facto, os turistas a escolher destinos mais frescos. Por exemplo, entre 2018 e 2019, as dormidas de Verão nos distritos do Norte da França aumentaram de 5 a 10%.
Ainda hoje, o Mediterrâneo atrai duas vezes mais turistas do que a Normandia e a Bretanha juntas. Até ao Verão de 2022, o Mediterrâneo terá regressado a 83% dos seus níveis anteriores à pandemia, e espera-se que este Verão registe um salto ainda mais significativo no número de turistas acolhidos. É um sinal de que o turismo mediterrânico, mesmo que tenha de se adaptar, continua (por enquanto) saudável.
O mar, o sol e o ar condicionado: uma receita para a resiliência
O sucesso da bacia mediterrânica depende do seu principal trunfo: o sol. Os turistas são dissuadidos pela chuva. Os seres humanos toleram melhor o calor ao ar livre, junto ao mar, com uma bebida, do que durante um passeio na cidade ou na sua própria casa.
Com cinquenta anos de desenvolvimento do turismo mediterrânico, a região continua pronta a receber visitantes, apesar do calor. Apesar do impacto ambiental, o sector do turismo representa 12% da economia da região e não hesitará em instalar ar condicionado nas suas instalações.
Apesar do mar e do ar condicionado poderem ser um alívio, um estudo prevê uma diminuição de 20% do turismo da Europa do Norte, entre 2004 e 2080, devido às alterações climáticas. Tanto as entidades públicas como as privadas estão a tomar medidas para se adaptarem ao sector e lidarem com a evolução negativa. Uma das medidas consiste em prolongar a época turística de Março a Novembro, enquanto outra consiste em atenuar as ondas de calor. Em Atenas, todos os verões é nomeado o "campeão do calor" para lidar com o aumento das temperaturas e os responsáveis pelo planeamento urbano estão a trabalhar para tornar a cidade mais amiga do ambiente. Apesar destes esforços, os operadores turísticos do Mediterrâneo continuam a estar sujeitos a catástrofes meteorológicas imprevisíveis, como aconteceu em Itália, quando as inundações de 2022 levaram os turistas a abandonar a cidade mais cedo.
O turismo mediterrânico ainda tem um futuro brilhante. Mas até quando? No nordeste da Itália, a erosão ameaça as praias e as suas empresas. Os especialistas admitem que o mar continua a ganhar, apesar da reconstrução.
Fonte: Tourism Review Media, June 2023
09 Junho 2023